quinta-feira, 5 de maio de 2011

Os Vira-latas


A doce liberdade de um vira-latas só é privada quando alguém o coloca uma coleira ou quando um veículo cruza seu caminho. O pior pesadelo de um cão deve ser um caminhão. Ainda na cidade você vê muitos cães tidos como loucos por latir e correr para pegar um carro, esses cães devem pensar serem heróis. Heróis por combaterem os carros, as motos, as bikes...

A noite os cães latem, pela manhã eles furnicam e pela tarde eles dormem. Assim garantem o fluxo da liberdade de suas vidas. Eu vejo os cães se misturando todas as manhãs, os vira-latas. Os de raça fazem o que manda a regra, executam suas vidas assim como os homens e mulheres. Comem num pratinho, tomam banho, usam o banheiro, se possível se preocupam com as horas.

Os cães de raça acham que mandam, sentem segurança por estarem atrás do portão. Estão presos no seu próprio cubículo. Faz as coisas pensando no próprio focinho. Já os vira-latas gozam da liberdade de correr pelo asfalto, de dormir na grama, de pedir um churrasquinho, de revirar um lixo, de mostrarem-se sem pudor na hora do sexo, da cagada e da cheirada no cu de outro cão. "Sou um cachorro perseguindo carros. Eu não saberia o que fazer se pegasse um"  disse o personagem Coringa em Batman, é verdade esses não sabem mesmo o que fazer, simplesmente vivem como querem.

Eu gosto dos vira-latas com quem ando. Eles não tem pudor, gostam de viver, de reclamar, de rir, de chorar. Eles não saberão o que fazer quando pegarem o carro, ninguém saberá.

domingo, 1 de maio de 2011

A verdade sobre a minha mentira.


Eu sou mentiroso! [Pronto agora você pode parar de ler, acabo de revelar o fim.] Eu minto para ganhar vantagem, para não perder a amizade, para preservar as pessoas e as vezes para prejudicar. Eu minto para não ter que dizer a verdade. A verdade é cruel, a minha verdade pode não satisfazê-lo. A verdade pode ser pior para aquele que quer ouvi-la, mesmo que ele pense ser a melhor saída.

No bar eu menti, para descobrir um segredo. Não deu certo. Em casa eu minto para não ter que dar satisfação e evitar perguntas. Para os amigos eu minto para não magoá-los. Eu minto na maioria dos casos para me preservar ou para preservá-los. Instinto protetor de merda que vem na consciência.

Gorda? Não que isso, acho que você está bem. Feia? Você não é feia. Sair? Vamos sim. Gostoso, hum ta muito bom. Nossa nem te vi. Não fui a sua festa porque tive que fazer outra coisa. Bom dia que bom te ver. Cigarros, não tenho. Sem dinheiro hoje pra te ajudar.

A pior fase na mentira é quando se descobre a verdade sobre a mentira contada. Já vi que a mentira contada não tem graça. Ainda um dia desses um desses amigos se desapontou comigo pela verdade sobre a verdade que ele achava acreditar. A verdade em que ele acreditava era a minha grande mentira.

E mesmo falando a verdade todos se aborrecem. As ultimas pessoas se aborreceram. Hoje me sinto culpado pela verdade e tambem pela mentira.  Sou um idiota sim e é verdade. “A vida e muito mais merda do que doce” disse um amigo e isso vale para tais horas. E mesmo sabendo das repressões posteriores, digo que o que escrevo acima ainda pode ser mentira.