É um dia qualquer, uma segunda simples. Você encontra amigos e um deles convida para o bar quando você tinha um objetivo que já não lhe causava mais vontade de objetivá-lo. São 4 da tarde o seu dia está praticamente no fim. No fim? Foi ai que ele começou.
O cenário não podia ser diferente. As cadeiras vazias esperavam bundas. A mesa umas Antartica “Litrão”. O dono do bar, dinheiro e nós que desligassem o som. É impossível, o barulho da viola acústica somada aos berros ‘emotivos’ do cantor supera nossa conversa. A grua que leva a câmera faz um zoom da platéia para o cantor. Isso tudo pode ser notado numa coletânea em DVD de músicas sertanejas.
A chuva também é convidada pra cena. Alguns já chapados na outra mesa que se auto convida pra nossa. Ele só quer dormir, mesmo que sua casa seja do lado do bar. No bar parece ter conforto para o tal. A conversa já havia começado antes mesmo de chegarmos no bar.
A dependência masculina é de sexo, a feminina é de atenção. Some o ambiente, a musica, a cerveja, a chuva, o frio o papo inevitável foi sobre relacionamento. Mas não o que eu tenho ou o que temos – mesmo porque não temos nenhum – e sim o que se fora, já há algum tempo ou há 2 semanas.
- Não estou me entendendo, acho que falta algo em mim. Eu preciso de um abraço, me dá um abraço Luiz?
Antes das conclusões veio e as discussões. Estamos conversando sobre não ter alguém naquele momento. Estamos falando de sexo e paixão para dois corpos. “A vida é muito mais merda do que doce” disse um amigo e se virar máxima, serei um dos primeiros a pronunciar.
Minha reflexão sobre o porque do papo é retomada novamente para o ambiente, a terceira cerveja e a musica. Pois parece que Leonardo e Cia conduziram nossa conversa para a dor da solidão. Estamos na quinta pedindo a sexta cerva-litraço e então este mesmo amigo já vai ao grau máximo da bebedeira, o barraco, o choro, a exposição, a decisão de morrer.
- Meus comprimentos, hoje é meu último dia, foi bom ter te conhecido. – Foi bom conhecê-lo hoje, pois já estou indo. – Hoje eu me mato.
Tenho plena certeza ele não vai morrer e ele não vai se matar. A ideia é de que a gente vá pra casa dormir. Mesmo cansado, bêbado, com fome e com sono ele ainda se impõe. Estabelece uma condição de que só vai se ligarmos para a ex e diga a ela que ele tentou se matar. Pobre rapaz acha que ela volta pra ele caso morra. Morrer é separar-se deste mundo, dos amigos e dos amores.